Quanto custou o voto do seu candidato?

Levantamento da Revista Badaró indica que eleições movimentaram em torno de R$ 5,21 bilhões de recursos de partidos políticos

Por Gabriel Neri
Arte por Marina Duarte

O Brasil em 2022 teve as eleições gerais que definem os mandatários ao Poder Executivo nacional e estadual pelos próximos quatro anos. Além dos cargos de presidente e governador, se elegem deputados federais e estaduais para um mandato de quatro anos. O Senado Federal é composto por 81 senadores e 27 foram eleitos para assumir o cargo em 2023.

Levantamento feito pela Revista Badaró com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre votação e as receitas que cada candidato teve para este pleito indica que os recursos de partidos políticos somam R$ 5,21 bilhões. Para verificar somente quanto custou de recurso público, foram desconsideradas as doações que cada candidato recebeu. Não houve distinção entre o FEFC e o Fundo Partidário. Assim, ambos estão somados.

Alguns candidatos não constam nas receitas recursos públicos recebidos ou tiveram os votos anulados. Desse modo, as médias não foram calculadas. Além disso, o cálculo para o custo-voto (divisão do valor recebido pelo número de votos) leva em conta somente a votação de primeiro turno.

Para conferir quanto custou o voto de cada candidato do Brasil, confira na tabela abaixo. Há a opção de fazer a busca com base no nome de urna utilizado pelo candidato no pleito de 2022.

Legislativo federal

Seguindo a ordem de votação da urna, o primeiro cargo é o de deputado federal. O maior custo voto foi de Nonato Baleco (PROS-MA) que teve 10 votos para os R$ 300 mil de receita. Talita Canal (PL-RR) recebeu 11 votos para os R$ 200 mil. Adriana Mendonça (PROS-AM) custou R$ 12,5 por cada um dos 240 votos recebidos. O Sargento Isaias (DC-TO) recebeu apenas um voto e custou R$ 8.150. Todos eles não foram eleitos.

Para o cargo de senador da República, o Distrito Federal concentra os dois com os maiores custo-voto. Ambos perderam para ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos-DF). Marcelo Hipólito (PTB-DF) recebeu R$ 520 mil e teve apenas 1841 votos. Carlos Rodrigues (PSD-DF) teve custo de R$ 177,21.

Os três seguintes são de Roraima, que perderam para Dr. Hiran (PP-RR). Eles somam R$ 3,66 milhões e 23,4 mil votos. Com custo de R$ 177,18, Maranhão do Povão (PDT-RR) foi o terceiro na lista. Telma Mota (PROS-RR) teve R$ 3 milhões e cada voto custou R$ 152,99. Por fim, Sanderson Moura (PSOL-RR) custou R$ 109,93.

Dois candidatos não receberam votos, mas custaram R$ 13.489,23. Ambos são do Democracia Cristã. Elaine de Jesus, de Minas Gerais, recebeu R$ 2,5 mil. O outro é Gonzales Filho, do Maranhão, que teve mais de R$ 10 mil para sua campanha.

Eleições de 2022

De acordo com dados do TSE, o país teve 156.454.011 de eleitores aptos a votar. Ao todo, foram eleitos 27 governadores, 27 senadores, 513 deputados federais, 1.035 deputados estaduais e 24 deputados distritais. Para compor esses cargos, foram 28.274. 

O órgão ainda não divulgou o quanto foi gasto para a execução das eleições de 2022. Os últimos números consolidados são de 2020. Nas eleições para prefeitos e vereadores no país, o pleito custou mais de R$ 730 milhões. O ministro do Supremo Tribunal Federal e vice-presidente do TSE, Ricardo Lewandowski informou no dia 30 de setembro que os custos das eleições seriam superiores ao do último pleito.

A declaração foi dada em evento do programa de observadores e convidados internacionais para as eleições gerais deste ano, organizado pelo TSE. Ele estimou que o valor giraria em torno de R$ R$ 1.334.833.932. O custo por eleitor seria de R$ 8,53.

Fundo partidário

A Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995, alterada pela Lei nº 11.459/2009 prevê recursos públicos para os partidos políticos do Brasil. O primeiro é o Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, denominado Fundo Partidário. Esse é constituído por dotações orçamentárias da União, multas, penalidades, doações e outros recursos financeiros que lhes forem atribuídos por lei.

O outro é o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) que os partidos podem utilizar no período eleitoral para disputar a eleição. Ao todo, o Brasil tem 32 partidos registrados no TSE. A regra de divisão do FEFC é a última eleição. 2% do recurso devem ser divididos entre todos os partidos. Já 35% dos recursos devem ser divididos entre os partidos na proporção do percentual de votos válidos obtidos pelas siglas que tenham pelo menos um representante na Câmara dos Deputados. 

Em relação ao cálculo da bancada na Câmara, 48% dos recursos do FEFC serão divididos entre os partidos na proporção do número de representantes na Câmara dos Deputados na última eleição. Os 15% dos recursos do FEFC que devem ser divididos entre os partidos, na proporção do número de representantes no Senado, devem ser contabilizados aos partidos para os quais os senadores foram eleitos.

Gabriel Neri

Estudante de jornalismo, amante de futebol sul-americano e da América Latina.

MARINA DUARTE

Ilustradora e quadrinista pantaneira. Feminista antiproibicionista interessada pela profunda mudança social.

Compartilhe:

Relacionadas

Leave a Reply