Uma história de Tó Teixeira

Primeiro músico negro a realizar um recital de violão no Pará, Tó Teixeira era conhecido como “o poeta do violão”

Por Bruno Rocha
Belém do Pará, 31 de dezembro de 1942 Eu e meu extinto e saudoso amigo Remo Figueiredo, o esplêndido cantor que nessa época dava-me o prazer de sua amizade e agradável convivência, procurou-me nessa noite para fazer-me um convite, o de acompanhá-lo a uma casa aristocrática, onde se realizava uma festa. E cuja casa está localizada ali ao lado direito da Praça da Bandeira, antiga Rua Saldanha Marinho. Aceitei o convite do meu amigo Remo e assim, após vestir o melhor terno, que sempre o tive, graças a Deus, preparei com todos os requintes do meu conhecimento, as cordas do meu violão de jacarandá, que me foi oferecido em Manaus quando da temporada feliz que fiz naquela cidade em 1922. E dessa maneira, fui em companhia do meu amigo à casa aristocrática da Praça da Bandeira.
Recebidos com todas as honras de estilo, não só pela aniversariante como também por toda a sua excelentíssima família e convidados, tive logo que pude observar toda amplitude daquele ambiente em festa, esta surpresa inesperada: o violonista Tó Teixeira era naquele ambiente em festa o único homem de cor.
Filho de pai flautista, Tó Teixeira nasceu em 1893 e foi a primeira negra da Amazônia a fazer um concerto em palco de teatro. Em 1925 o violonista foi convidado a tocar em uma casa da aristocracia belenense e escreveu uma carta sobre o episódio, sem destinatário. A história em quadrinhos aqui apresentada traz trechos dessa carta.

Bruno Rocha

Bruno Rocha é ilustrador, quadrinista e comunicólogo nascido em Castanhal, Pará. Atualmente dedica-se ao estudo e experimentação na linguagem do desenho.

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