Mato Grosso do Sul é o 5º estado com mais conflitos no campo em 2024, aponta relatório
Publicação da Comissão Pastoral da Terra (CPT) registrou 132 casos de violências ocorridas em territórios camponeses no estado
Na próxima sexta-feira, 30 de maio, às 18h (horário de MS), a Comissão Pastoral da Terra no Mato Grosso do Sul (CPT-MS) lança regionalmente a publicação Conflitos no Campo Brasil 2024, denunciando casos de violências registrados no campo no estado em 2024. O evento acontece na sede do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino do MS (SISTA-MS), em Campo Grande (MS).
A atividade é gratuita, não sendo necessária inscrição prévia, e será transmitida pela internet no canal da CPT no Youtube (acesse aqui). Participam das mesas de exposição e debate representantes de povos indígenas e comunidades camponesas do estado, lideranças de movimentos sociais e de organizações da sociedade civil, pesquisadores, além de integrantes da coordenação nacional e regional da CPT e da Campanha Contra a Violência no Campo.
O Mato Grosso do Sul ocupa o 5º lugar no ranking de estados com mais conflitos no campo em 2024, tendo registrado 132 ocorrências. Foram 99 conflitos por terra que impactaram mais de 13 mil famílias camponesas e indígenas. De acordo com o relatório da CPT, mais de 260 pessoas sofreram algum tipo de violência em áreas rurais, em sua maioria em territórios indígenas dos povos Guarani e Kaiowá, incluindo agressões, ameaças, contaminação por agrotóxicos, atos de violência contra a mulher, tentativas de assassinato, entre outras ocorrências.
Duas pessoas foram assassinadas no campo no ano passado no estado sul-mato-grossense: o jovem Neri Ramos (23), do povo Guarani e Kaiowá, em 18 de setembro, na Terra Indígena (TI) Nhanderu Marangatu, situada em Antônio João (MS); e o rezador, também do povo Guarani e Kaiowá, Argemiro da Silva Escalante (74), que vivia na Aldeia Pirakuá, no município de Bela Vista (MS).
Brasil
A nível nacional, a partir dos registros do Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (Cedoc-CPT), é possível observar uma queda de quase 3% dos conflitos no campo em relação a 2023, com 2.185 conflitos em 2024 contra 2.250 no ano anterior, conforme dados atualizados do Cedoc-CPT. O ano de 2023 registrou um recorde no número de registros desde o início da publicação e, apesar da pequena queda em 2024, o ano passado ainda apresenta o 2º maior número de conflitos da série histórica da CPT.
A manutenção dos conflitos em patamares altos se relaciona com o aumento de conflitos por água, além da persistência do aumento dos conflitos por terra, impactados pelo crescente número de violências contra a ocupação e a posse. Houve ainda uma redução nos casos de trabalho escravo e nas resistências, o que contribuiu para que os dados gerais de conflitos no campo de 2024 fossem menores em comparação a 2023.
A maioria dos registros prosseguem sendo de violência no eixo terra, com 1.680 casos, representando 78% do total. Em seguida vem o eixo água, com 266, depois o eixo trabalho, com 151 casos, e as resistências, com 88 registros.
Fonte: Cedoc-CPT
Divulgada anualmente pela CPT, a publicação apresenta os dados de conflitos no campo no Brasil registrados no último ano, além do comparativo com os números da série histórica, trazendo análises e sistematizações elaboradas por pesquisadores, agentes da Pastoral e da equipe do Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (CEDOC-CPT).
Serviço:
Lançamento do Relatório Conflitos no Campo 2024 no MS (entrada franca)
Data e horário: 30/05/25, às 18h00 (horário de MS)
Local: SISTA-MS – Rua Portuguesa, 331, Vila Albuquerque – Campo Grande-MS
Transmissão virtual: https://www.youtube.com/watch?v=om71p27IVhk