O que rolou em 2019: meio ambiente
- 1 de janeiro de 2020
Rompimento da barragem em Brumadinho, óleo nas praias nordestinas e declarações irresponsáveis de Jair Bolsonaro foram pontos importantes para compreendermos a situação da pauta ambiental
Por Guilherme Correia e Leopoldo Neto
Colaborou Norberto Liberator
Rompimento de barragem em Brumadinho
25 de janeiro
Uma barragem de rejeitos considerada de “baixo risco” e com “alto potencial de danos” se rompeu na cidade de Brumadinho (MG). Além de diversas espécies de animais, cerca de 170 pessoas morreram e mais de 130 estão desaparecidas. Resíduos sólidos destruíram casas, florestas e obstruíram rios.
Pertencente à Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, a catástrofe sucede tragédia semelhante, ocorrida três anos atrás, em uma barragem da Samarco controlada pela própria Vale e pela BHP Biliton na cidade de Mariana (MG), localizada a 200 km do local.
Óleo nas praias nordestinas
2 de setembro
As praias nordestinas protagonizaram uma das maiores crises ambientais da história do Brasil. O surgimento de manchas de óleo, densas e viscosas, com capacidade de boiarem na água, fez com que 109 espécimes fossem contaminados e 81 encontrados mortos, segundo relatório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
Até o fim de novembro, 980 locais foram atingidos por manchas em mais de 120 municípios. A contaminação atingiu todos os estados do Nordeste – além de praias no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
Em pesquisa realizada em parceria pelo Ibama, Marinha, Petrobras e pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, foi constatado que o resíduo trata-se de petróleo cru, transportado em navios que atravessaram o oceano Atlântico. A origem permanece incerta.
30 de dezembro
Resíduos de petróleo aparecem novamente no litoral do Ceará.
Segundo a Petrobras, a mistura de óleos crus é proveniente da Venezuela. O país questionou a explicação, tendo em consideração que não foi acionado pelas autoridades brasileiras para colaborar na investigação do caso.
Em análise feita pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), se notou similaridade do óleo que chegou à costa baiana com petróleo venezuelano.
Chamas na Amazônia
5 de agosto
A Folha do Progresso divulga que haverá um Dia do Fogo – seria o primeiro alerta, em um jornal local, que um crime estaria sendo organizado, com suspeitos e data apontados.
10 de agosto
Fazendeiros e agricultores da cidade de Novo Progresso, no interior do Pará, se coordenam para queimar e desmatar terras com o objetivo de limparem pastos para cultivo de gado e plantio. O crime tem uma segunda intenção, que é demonstrar apoio à política de Bolsonaro e aplaudir seu discurso a favor da exploração da Amazônia. Focos ao redor de Novo Progresso se multiplicaram. O Ibama, órgão oficial encarregado de preservar o meio ambiente no Brasil, informa que seus fiscais não podem investigar a denúncia porque a polícia não lhes fornece proteção necessária. Diante de ameaças, o jornalista Adecio Piran decide se esconder por alguns dias.
23 de agosto
A Amazônia, em território brasileiro, assim como sua área internacional, na Bolívia e no Peru, foi envolta por chamas. O desmatamento se prolongou em oito milhões de quilômetros quadrados.
Em relação à política internacional, as queimadas foram prejudiciais para a visão do Brasil no exterior – levando em conta que, nos últimos anos, uma série de políticas ambientais visaram reduzir o desmatamento e seus impactos. Houve revoltas em vários países, com reivindicações sobre a importância da Amazônia enquanto bioma fundamental para o equilíbrio climático do planeta. O presidente Jair Bolsonaro alegou que as prioridades de seu governo divergem da preocupação coletiva no combate às queimadas. “O interesse na Amazônia não é no índio, nem na porra da árvore, é no minério”, disse Bolsonaro sobre o que julga ser a real importância do território amazônico.
De acordo com base de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão responsável por registrar os focos de queimadas no Brasil, nos dias 23 e 24 de agosto cerca de 1.130 focos de incêndio aconteceram no país.
29 de novembro
O presidente Jair Bolsonaro acusou o ator Leonardo DiCaprio de financiar entidades brasileiras que supostamente tiveram envolvimento nos incêndios na floresta amazônica. Durante conversa com um grupo de eleitores, Bolsonaro afirmou que os incêndios recentes no Pará tiveram motivação criminosa. Em sua fala, o presidente deu a entender que o astro estadunidense tivesse envolvimento com as queimadas. “Dando dinheiro para tacar fogo na Amazônia”, acusou. A fala do Chefe de Estado não possui evidências factuais.
Em agosto, DiCaprio anunciou que a Earth Alliance, fundação da qual é criador, doaria US$ 5 milhões a um fundo emergencial que aplicaria o montante no auxílio de entidades brasileiras no combate às queimadas.
10 de dezembro
O presidente Jair Bolsonaro se envolveu em outra polêmica ao chamar a ativista sueca Greta Thunberg de “pirralha” na entrada do Palácio do Alvorada, onde parou para conversar com um grupo de eleitores.
Após o comentário de Bolsonaro, a palavra “pirralha” foi inserida na descrição do perfil de Greta nas redes sociais. A conta da ativista, em agosto, também foi modificada como forma de resposta a Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.
Em relação à situação brasileira, a jovem afirmou que populações indígenas têm sido mortas no Brasil na tentativa de preservar a floresta amazônica. Greta é uma jovem sueca de 16 anos que ganhou espaço no debate público ao discutir os efeitos das mudanças climáticas.