De onde saiu Simone Tebet?

Em nova série, a Badaró explica trajetórias de figuras de destaque na vida política; a primeira é a senadora Simone Tebet, herdeira da burguesia agrária sul-mato-grossense

Por Norberto Liberator
A família Tebet vem de longa trajetória na política sul-mato-grossense e brasileira. O pai de Simone, Ramez Tebet, foi presidente do Senado entre 2001 e 2003, além de ministro da Integração Nacional no governo Fernando Henrique Cardoso.
Ramez Tebet foi nomeado prefeito de Três Lagoas em 1975, durante a ditadura militar-empresarial. As oligarquias do então sul de Mato Grosso tinham ligação com o regime, o que propiciaria a separação e criação de Mato Grosso do Sul em 1977.
Milionário, Tebet deixou aos filhos uma herança que inclui fazendas em áreas indígenas. O tekoha Pinkorock, situado na Terra Indígena Amambaipeguá, no município de Caarapó, é reivindicado pelos Guarani-Kaiowá e se encontra sob ocupação de Simone Tebet.
Estudo da UFMS aponta o clã Tebet como uma das três famílias ruralistas mais poderosas de Mato Grosso do Sul, ao lado dos Coelho e Corrêa da Costa (da qual faz parte a ministra da Agricultura de Bolsonaro, Teresa Cristina).
Casado com Simone Tebet, o deputado estadual sul-mato-grossense Eduardo Rocha foi um dos proponentes da CPI do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), cujo objetivo era criminalizar a militância pró-direitos indígenas no estado. Com tons conspiracionistas, o relatório da CPI foi arquivado. Seu objetivo era impedir demarcações e manter terras indígenas sob posse de latifundiários.
No Senado, Simone apoiou a PEC 71/2011, do ruralista Paulo Bauer, que visa indenizar fazendeiros que ocupam terras indígenas, em casos de demarcação. Além disso, propôs uma emenda para que o pagamento seja feito em dinheiro.
Referências: França, Fernanda. ALMS, 2015. Deputada ingressa com pedido de CPI para investigar o CIMI. Disponível em al.ms.gov.br/Noticias/63609/deputada-ingressa-com-pedido-de-cpi-para-investigar-o-cimi. Acesso em 23/09/2022. Indenização para ocupantes de terras indígenas vai a Plenário. Agência Senado, 2015. Disponível em senado.leg.br/noticias/materias/2015/09/02/indenizacao-para-ocupantes-de-terras-indigenas-vai-a-plenario. Acesso em 23/09/2022. Silva , L. M. da, & Araujo Santos, T. (2022). Poder oligárquico, questão agrária e função legislativa no território sul-mato-grossense. Revista Campo-Território, 17(44 Abr.), 253–277.

Norberto Liberator

Jornalista, ilustrador e quadrinista. Interessado em política, meio ambiente, artes e esportes.

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